quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Hildegardo Leão Veloso

Hildegardo Leão Veloso, escultor brasileiro (Palmeiras, SP, 1899 - Rio de Janeiro, RJ, 1966). Autor de vários trabalhos premiados. De sua obra destacam-se monumentos ao almirante Tamandaré (no Rio de Janeiro) e a Getúlio Vargas (em Laguna, SC).
Estudou escultura e modelagem com Rodolfo Bernardelli, no Rio de Janeiro. Assinava as suas obras como H. Leão Veloso.
Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, com outros escultores como Victor Brecheret e W. Haerberg, embora a sua obra não apresente traços do modernismo.
De reconhecido valor artístico, exerceu a livre-docência da cadeira de escultura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, a partir do ano de 1950.

Obras
Em 1925, com o francês Jean Magrou elaborou as esculturas esculpidas em mármore de Carrara que adornam os túmulos de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, na Catedral de Petrópolis.
Monumento ao Senador Pinheiro Machado - Ipanema, Rio de Janeiro.
Em 1931, foi o escultor da imponente obra dedicada ao Senador Pinheiro Machado, na Praça Nossa Senhora da Paz, por encomenda da Câmara dos Deputados.
Foi o autor da estátua eqüestre do General Osório, inaugurada na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, no ano de 1933.
Autor do projeto vencedor da estátua do Almirante Marquês de Tamandaré, Patrono da Marinha do Brasil, cuja cerimônia inaugural ocorreu em 28 de dezembro de 1937, na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Em Santa Catarina , por encomenda do Governador Nereu Ramos, o escultor entregou em 1943 as obras que adornaram o túmulo do poeta Cruz e Sousa e, em Laguna, o monumento de 11,5 metros de altura em homenagem a Getulio Vargas.
O Presidente Juscelino Kubitschek inaugurou em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, a 27 de janeiro de 1957, outro monumento de sua autoria dedicado ao Presidente Vargas.
É ainda de sua autoria a estátua de Clóvis Beviláqua, situada na praça homônima, no centro de Fortaleza, Ceará.
Vencedor do concurso internacional para o panteão do General Urquiza, fez inúmeros bustos, entre eles os de Rui Barbosa, Aurelino Leal e Jackson de Figueiredo, entretanto, a falta de dados, faz com que os estudiosos não saibam ao certo o número de obras apresentadas pelo escultor.

Victor Brecheret

Victor Brecheret - Foto artista
Victor Brecheret nasce em Farnese – Província de Viterbo – Itália em 1984. Em 1912 inicia seus estudos de desenho, entalhe e modelagem no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.Em 1913 viaja para Europa para estudar escultura. Em Roma torna-se aluno do escultor Arturo Dazzi escultor que se destaca pelo gosto por figuras monumentais elaboradas com grande síntese formal.Em Roma estuda atentamente as obras de Auguste Rodin (1840-1917) e Emile Antoine Bourdelle (1861-1929), entre outros, e conhece o escultor Ivan Mestrovic (1883-1962).Em 1915 monta o seu ateliê, em Roma, na via Flamina, 22, que tinha sido ocupado por Ivan Mestrovic.Com 22 anos obtém o primeiro lugar na Exposição Internacional de Belas-Artes, em Roma, com a obra “Despertar”.Nesse período, alguns críticos observam a influência em seu trabalho dos escultores Bourdelle, Rodin e Mestrovic.Participa da exposição Mostra Degli Stranieri alla Casina del Pincio no ano de 1919 e novamente seus trabalhos recebem elogios da crítica. Nesta exposição, a obra “Medalha Comemorativa da Independência do Brasil” é adquirida pelo Museu de Haya, na Holanda.Quando retorna a São Paulo, é um escultor com amplo domínio técnico. Improvisa um ateliê em espaço cedido pelo engenheiro Ramos de Azevedo (1851-1928) no Palácio das Indústrias. Seus trabalhos são admirados por um grupo de intelectuais ligados ao movimento modernista: Oswald de Andrade (1890-1954), Menotti del Pichia (1892-1988) e Mário de Andrade (1893-1945).
Victor Brecheret - Foto artista

Em 1920 realiza a maquete para o Monumento às Bandeiras, no qual evoca a saga dos bandeirantes na conquista de novas terras. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja para Paris, onde permanece até 1935. Embora ausente, expõe algumas obras na Semana de Arte Moderna de 1922.








Obras

Victor Brecheret - Figura Feminina (Fase Marajoara)Figura Feminina
Ficheiro:Monumento às Bandeiras 01.jpgMonumento às Bandeiras
Ficheiro:Victor Brecheret - Graça 01.JPGGraça


Oswaldo Goeldi


Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro RJ 1895 - idem 1961). Gravador, desenhista, ilustrador, professor. Filho do cientista suíço Emílio Augusto Goeldi. Com apenas 1 ano de idade, muda-se com a família para Belém, Pará, onde vivem até 1905, quando se transferem para Berna, Suíça. Aos 20 anos ingressa no curso de engenharia da Escola Politécnica, em Zurique, mas não o conclui. Em 1917, matricula-se na Ecole des Arts et Métiers [Escola de Artes e Ofícios], em Genebra, porém abandona o curso por julgá-lo demasiado acadêmico. A seguir, passa a ter aulas no ateliê dos artistas Serge Pahnke (1875 - 1950) e Henri van Muyden (1860 - s.d.). No mesmo ano, realiza a primeira exposição individual, em Berna, na Galeria Wyss, quando conhece a obra de Alfred Kubin (1877 - 1959), sua grande influência artística, com quem se corresponde por vários anos. Em 1919, fixa-se no Rio de Janeiro e passa a trabalhar como ilustrador nas revistas Para Todos, Leitura Para Todos e Ilustração Brasileira. Dois anos depois, realiza sua primeira individual no Brasil, no saguão do Liceu de Artes e Ofícios. Em 1923, conhece Ricardo Bampi, que o inicia na xilogravura. Na década de 1930, lança o álbum 10 Gravuras em Madeira de Oswaldo Goeldi, com introdução de Manuel Bandeira (1886 - 1968), faz desenhos e gravuras para periódicos e livros, como Cobra Norato, de Raul Bopp (1898 - 1984), publicado em 1937, com suas primeiras xilogravuras coloridas. Em 1941, trabalha na ilustração das Obras Completas de Dostoievski, publicadas pela Editora José Olympio. Em 1952, inicia a carreira de professor, na Escolinha de Arte do Brasil, e, em 1955, torna-se professor da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro, onde abre uma oficina de xilogravura. Em 1995, o Centro Cultural Banco do Brasil realiza exposição comemorativa do centenário do seu nascimento, no Rio de Janeiro.
HOMEM E LOBOCASAL
CHUVA
URUBUS







Artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922


Artes Plásticas
Anita Malfatti (pintora)
Di Cavalcanti (pintor)
- Vicente do Rego Monteiro (pintor)
- Inácio da Costa Ferreira (pintor)
- John Graz (pintor)
- Alberto Martins Ribeiro (pintor)
- Oswaldo Goeldi (pintor)
Victor Brecheret (escultor)
- Hidelgardo Leão Velloso (escultor)
- Wilhelm Haarberg (escultor)
Literatura
Mario de Andrade (escritor)
Oswald de Andrade (escritor)
- Sérgio Milliet (escritor)
- Plínio Salgado (escritor)
- Menotti del Picchia (escritor)
- Ronald de Carvalho (poeta e político)
- Álvaro Moreira (escritor)
- Renato de Almeida (escritor)
- Guilherme de Almeida (escritor)
- Ribeiro Couto (escritor)
Música
- Heitor Villa-Lobos (músico)
- Guiomar Novais (músico)
- Frutuoso Viana (músico)
- Ernâni Braga (músico)
Arquitetura
- Antônio Garcia Moya (arquiteto)
- Georg Przyrembel (arquiteto)
Outras áreas
- Eugênia Álvaro Moreyra (atriz e diretora de teatro)

Plínio Salgad



Plínio Salgado (São Bento do Sapucaí, 22 de janeiro de 1895  São Paulo, 8 de dezembro de 1975) foi um político, escritor, jornalista e teólogo brasileiro que fundou e liderou a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido de extrema-direita inspirado nos princípios do movimento fascista italiano.1 2 3
Inicialmente um adepto da ditadura de Getúlio Vargas, foi mais tarde preso e obrigado a se exilar em Portugal, acusado de promover levantes contra o governo. Após retornar ao Brasil, lançou o Partido de Representação Popular (PRP), sendo eleito para representar oParaná na Câmara dos Deputados em 1958 e reeleito em 1962, desta vez para representar São Paulo. Foi também candidato à presidência da República no pleito de 1955, obtendo 8,28% dos votos. Após o Golpe de Estado de 1964, que acabou por extinguir os partidos políticos, se juntou à Aliança Renovadora Nacional (Arena), obtendo mais dois mandatos na Câmara. Se aposentou da vida política em 1974, apenas um ano antes de sua morte. Foi membro da Academia Paulista de Letras, tendo também fundado alguns jornais.
Biografia 
Nascido na pequena cidade de São Bento do Sapucaí, Plínio Salgado era filho do coronel Francisco das Chagas Salgado e de professora Ana Francisca Rennó Cortez, com quem aprendeu as primeiras letras. Sua família era de origem portuguesa. Plínio era uma criança muito ativa na escola, tendo desenvolvido gosto por matemática e geometria. Aos dezesseis anos de idade, seu pai veio a falecer – fato que, de acordo com alguns relatos, o transformaram num jovem amargo. Após o acontecimento, Plínio, demonstrou grande interesse por filosofia e psicologia.
Aos 20 anos de idade, Plínio fundou o jornal semanal Correio de São Bento. Dois anos mais tarde, em 1918, ele começou sua carreira na política, ao participar da fundação do Partido Municipalista, que congregava líderes municipais de cidades do Vale do Paraíba.No mesmo ano, Plínio casou-se com Maria Amélia Pereira e, no dia 6 de julho de 1919, nasceu sua única filha, Maria Amélia Salgado. Quinze dias mais tarde, sua mulher, Maria Amélia Pereira faleceu. Deprimido, rejeitou o estudo de filósofos materialistas e buscou conforto na doutrina católica, se interessando por escritos de autores católicos brasileiros como Raimundo Farias Brito e Jackson Figueiredo. Mais uma vez, a morte de um ente querido traria grande impacto à vida de Plínio. Ele só se casaria novamente 17 anos depois, com Carmela Patti .
Através de seus artigos no Correio de São Bento, Plínio se tornou conhecido entre os jornalistas da cidade de São Paulo, fato que levou-o a ser convidado para trabalhar no Correio Paulistano, jornal oficial do Partido Republicano Paulista (PRP), em 1920.1 2 Ali, onde atuou primeiro como revisor e depois como redator, se tornou amigo do poeta e escritor Menotti del Picchia. Em 1922, Plínio participou discretamente da Semana de Arte Moderna. Em 1924, deixou o Correio Paulistano e empregou-se no escritório de advocacia de Alfredo Egídio de Sousa Aranha, com quem manteria vínculos duradouros.
Publicou seu primeiro romance, O Estrangeiro, em 1926. Depois disso, na companhia de Cassiano RicardoMenotti del Picchia eCândido Mota Filho, alinhou-se ao movimento Verde-Amarelo, vertente nacionalista do modernismo. No ano seguinte, ao lado de Ricardo e del Picchia, fundou o Grupo da Anta , que exaltava os indígenas, em particular os tupis, como verdadeiros portadores da identidade nacional brasileira. No mesmo ano, lançou Literatura e política, livro no qual defende ideias nacionalistas de cunho fortemente anti-liberal e pró-agrário, inspirando-se nas obras de Alberto Torres e Oliveira Viana. No livro, se declara anticosmopolita, defensor de um Brasil agrário e contrário ao sufrágio universal. Essa sua guinada à direita fez com que Ricardo fundasse, em 1937, ao lado de del Picchia, o Grupo da Bandeira, um resposta social-democrata ao Movimento Verde-Amarelo e ao Grupo da Anta.

Integralism

Em 1928 foi eleito deputado estadual em São Paulo pelo PRP. Em 1930, apóia a candidatura de Júlio Prestes contra Getúlio Vargas. Em seguida, sem terminar o mandato de deputado, viajou à Europa como tutor do filho de Sousa Aranha, tendo se impressionado com a Itália fascista de Benito Mussolini. De volta ao Brasil em 4 de outubro de 1930, um dia após o início da Revolução de 1930, que depôs o presidente Washington Luís, escreveu dois artigos no Correio Paulistano defendendo o governo dele.1 2 Contudo, com a vitória dos revolucionários, passa a apoiar o regime instaurado por Vargas, tendo inclusive redigido o manifesto da Liga Revolucionária de São Paulo, organização de apoio a Vargas liderada por Miguel Costa e João Alberto.2
Em junho de 1931, tornou-se redator de A Razão, jornal então recém-fundado por Sousa Aranha na capital paulista. Nele, desenvolveu campanha intensa contra a constitucionalização do Brasil. Como resultado, atraiu a ira de ativistas contra a ditadura, que atearam fogo à sede do jornal pouco antes da eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932.
Em fevereiro de 1932, Plínio fundou a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), que congregava os principais intelectuais simpáticos aofascismo. Meses depois, ele lança o Manifesto de Outubro, que apresentava as diretrizes para a fundação de um novo partido político, a Ação Integralista Brasileira (AIB). Em fevereiro de 1934, no I Congresso Integralista, em Vitória, Plínio confirmou sua autoridade absoluta sobre a entidade recém-fundada, tendo recebido o título de "chefe nacional" da AIB.
Membros da AIB fazendo a saudação romana em manifestação pública em 1935.
Apesar de rejeitar publicamente o racismo, Plínio adaptou quase todo o simbolismo do fascismo, como os uniformes verdes dos militantes, manifestações de rua altamente arregimentadas e uma retórica agressiva. A ideologia da AIB era tão próxima do nazi-fascismo, que chegou a dividir a mesma sede com o Partido Nazista em cidades como Rio do Sul. O movimento era financiado diretamente, em parte, pela Embaixada Italiana. Como características próprias do movimento, a saudação romana era acompanhada pelo grito da palavra tupi Anauê, que significa Eis-me aqui, enquanto a letra do alfabeto gregosigma (Σ) servia como símbolo oficial da AIB. Deve-se notar que, apesar de Plínio rejeitar o racismo e o antisemitismo, muito dos militantes do partido adotavam ideias racistas. Em 1936, durante um desfile de militantes integralistas, centenas de negros foram espancados no centro do Rio.3
A AIB tinha como base de apoio imigrantes italianos, grande parte da comunidade portuguesa, as classes alta e média e militares, especialmente na Marinha. Conforme o partido crescia, Vargas tinha no integralismo sua única base de apoio mobilizada no espectro da direita, que se extasiava com sua repressão de cunho fascista contra a esquerda brasileira10 . Em 1934, o movimento integralista decidiu perseguir membros doPartido Comunista – à época sob a liderança de Luís Carlos Prestes enquanto partido ilegal – mobilizando uma massa conservadora para se envolver em brigas de rua e em terrorismo urbano.
Em 1937, Plínio lançou sua candidatura presidencial para a eleição prevista para ocorrer em janeiro de 1938. Ciente da intenção de Vargas de cancelar as eleições e se perpetuar no poder, ele apoiou o golpe do Estado Novo, esperando fazer do integralismo a base doutrinária do novo regime,uma vez que Vargas teria lhe prometido o Ministério da Educação no novo governo. O presidente, no entanto, baniu a AIB, dispensando-lhe o mesmo tratamento que deu aos demais partidos políticos após transformar o Brasil num país de sistema unipartidário.
No ano de 1939, militantes integralistas tentariam por duas vezes, nos meses de março e maio, promover levantes contra o governo. Apesar de negar participação nos eventos, Plínio foi preso após o levante de maio – sendo aprisionado na Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói –, e cerca de um mês depois enviado para um exílio de seis anos em Portugal. Durante o período de exílio forçado, procurou com persistência reabilitar sua imagem com o governo Vargas, elogiando-o em diversos manifestos, inclusive quando da declaração de guerra do Brasil à Alemanha e à Itália.

Obras publicadas[editar]

  • O Estrangeiro1
  • A Vida de Jesus1
  • O Esperado1
  • O Cavaleiro de Itararé1
  • A Voz do Oeste1
  • Doutrinas e Táticas do Comunismo23
  • Integralismo Perante a Nação;
  • Madrugada do Espírito;
  • O Que é Integralismo;
  • Psicologia da Revolução;
  • Quarta Humanidade;
  • SacerdosO Homem Integral e o Estado Integral (Uma introdução à filosofia política de Plínio Salgado), São Paulo, Editora Voz do Oeste, 1987.
  • (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%ADnio_Salgado acessado em 18/09)

SÉRGIO MILLIET



Sérgio Milliet da Costa e Silva nasceu em São Paulo, em 20 de setembro de 1898. Em 1913 segue para a Suiça onde prossegue seus estudos na Escola de Comércio de Gnebra e freqüenta um Curso de Ciências Econômicas e Sociais. É em Genebra que publica seus primeiros livros de poesia, em francês, e com seu nome afrancesado, Serge. Na Europa, naturalmente, tomou contato com os primeiros movimentos de renovação literária e começa o aprendizado modernista.
Voltando ao Brasil, pouco antes da “Semana de Ar te Moderna”, engajou-se no movimento, sendo mesmo um dos declamadores da noite de 15 de fevere3iro. Colaborou na primeira revista do grupo paulista posterior à Semana, Klaxon, com seus poemas em francês e, mais tarde, como crítico literário, e dos mais respeitados por seu equilíbrio, em Terra Roxa.

Desempenhou em São Paulo vários cargos de destaque: Diretor da Biblioteca da Faculdade de Direito, Secretário da Universidade de São Paulo, Presidente da Sociedade Paulista de Escritores, da União Brasileira de Escritores, além de membro a Academia Paulista de Escritores. Sua atividade artística não se limitou à poesia: foi também crítico literário e das artes plásticas (“um dos mais hábeis exegetas do modernismo”, no dizer de Alceu Amoroso Lima), ensaísta, ficcionista, professor e jornalista.

Obra poética: Par le Sentier (Genebra, 1917); En Singeant, em colaboração com Charles Reber (Genebra, 1918); Le Départ sou la Pluie  (São Paulo, 1920); L´Oeil de Boeuf(Antuérpia, 1923), Poemas Análogos (São Paulo, 1927), Poemas (São Paulo, 1937); Oh! Valsa Latejante (São Paulo, 1943); Poesias (Porto Alegre, 1946, reunindo produções de volumes anteriores), Poema do Trigésimo Dia (São Paulo, 1950); Alguns Poemas entre muitos (São Paulo, 1957).

Textos e Poemas extraídos da obra POETAS DO MODERNISMO, organização geral de Leodegário A. de Azevedo Filho, edição comemorativa dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, obra em 6 volumes, editada pelo Instituto Nacional do Livro (Brasília, 1972).

PARIS

         “Crepúsculos longos impressionistas
         A luz não cai
                   escorrega
         sobre os patins das nuvens
         O Sena foge
         Levando o gosto da posse”

LISBOA

         “A cidade tomou banho
         Água suja do Tejo
         A Torre de Belém
         no poente decadente
         sonha com impossíveis caravelas”

OBERLAND

         “Lagos
         Vaquinhas bem pintadas
         Neves eternas para inglês ver
         Palace Hotel”

HAVRE          

         Mastros... guindastes... armazéns
         Canção dos caminhões
         sobre os paralelepípedos anárquicos
         Apitos taciturnos... Velas ao vento

GENEBRA

         “Longe dos olhos perto do coração
         A nostalgia cresce como meu bigode”

NOVA YORK

         “Fui a Nova York
         Não de avião ou transatlântico
         Nem com ajuda de Orfeus hoje impotentes
         Fui de cinema.”

Comentário: Tendo estudado na Europa e tomado contato direto com os movimento europeu, Sérgio Milliet apresenta uma poesia das mais avançadas no que concerne à técnica cubo-futurista, como podermos ver (...): falta quase total de pontuação, superposição de idéias e imagens em lugar da seqüência lógica, técnica analógica, simultaneidade, versos elíticos, independentes, dando idéia de descontinuidade”. Leodegário A. de Azevedo Filho


         POEMA IX

         Viajante, fecha os olhos para os campos dromedário, para o espanto
                                                        emplumado dos coqueiros...
         Abre-os para dentro de tua alma!
         Porque não importa a forma da paisagem nas tão-somente o reflexo
                                                        que ela projetou dentro de ti.
         Os poetas de minha terra sonham o eterno feminino.
         Este diz que os lábios dela são como a taça do rei de Tule.
         Outro, que os seios dela cabem entre os cinco dedos da mão.
         Os poetas da minha terra cantam os choros do coração.
         Este diz que a vida inteira a mágoa brilhou em seus olhos.
         Outro, que seus desejos são orvalho ao sol da manhã.
         Outro comenta a saudade roxa com seu sabor de Fernet no fundo...
         Mas nenhum poeta da minha terra fixou
         sobre aquela gravidez esfarrapada
         um olhar apiedado.
         Nenhum condescendeu ainda em catar o rito amargo
         daquele homem vestido de oleado
         que pacientemente
         vazio
         vencido
         cata detritos pelas ruas
         oh poeta de minha terra
         abre os braços bem abertos para que venha a ti
         a voz profunda do mundo...

Comentário: “Não é esta a missão do poeta: o poeta dever ser o receptáculo da dor do mundo, a caixa acústica, através da qual o mundo tome consciência dessa dor (...)”  Leodegário A. de Azevedo Filho


         COVARDIA

         Eis o veneno, eis o punhal, que esperas?
         O horror à terra, de repente,
         o passo atrás,
         o apego ao quadro, ao livro,
         que sei mais!
         O apego à própria miséria...

         Há que buscar a solidão
         entrar no reino do silêncio,
         à espera,
         à espera...

         Mas ainda aí a nossa própria voz ecoa.
         Não queremos confissão,
         eu vos digo, porém,
         em verdade vos digo:
         existir, embora surdo,
         olhos abertos, apenas, para a vida;
         embora cego,
         ouvidos atentos aos ruídos misteriosos;
         embora mudo,
         mãos ávidas em reconhecimento;
         ainda que imóvel,
         boca e narina percebendo
         o gosto e o cheiro do mundo!
        
         Existir...
         Em que pese o absurdo!